Escritos e reflexões de uma mente atordoada Fora dos ilimitados limites da razão

sábado, abril 30, 2005

Continuação do texto diálogos sobre futebol e outras coisitas mais

Houve um erro durante a publicação do texto sobre a seleção e eu só fui perceber isso hj.
Não foi proposital não e
Aí está a continuação...
Ah e não deixem de ler o post novo intitulado esperando...


-Como eu ia dizendo, prossegue o Ricardão, além do jogo ser transmitido ao vivo para todo o Brasil, nós ainda vamos ter a presença de várias pessoas ilustres...
-Não me diga que o Rooooooooooooooooooooooooonaldinho vai? Levanta-se da mesa empolgado o locutor que agrega os títulos de mais famoso e mais chato do Brasil.
-Claro que não ô Gavião, continua o imperador da CBF, eu estou falando de pessoas importantes da política. Estarão presentes o Lula, o ex-presidente do equador Lucio Gutierréz, aquela negona americana lá que ta no Brasil, e nós ainda estamos esperando a reposta do novo papa.
-Que isso peixe, até o Chico Bento XVI vai estar aí? Mais uma vez Romário provoca gargalhadas na sala.
-Provavelmente não, responde Parreira. O cara é alemão, para que que ele iria ver o jogo do Brasil?
-Tomara que não venha, afirma Zagallo, eu tenho é medo da cara dele.
- Velho desse jeito e se cagando de medo do Papa, cutuca Romário, depois reclama do desenho que eu mandei que fizessem de você soltando um barro lá no banheiro do meu bar.
-Me respeite que eu sou o único penta campeão do mundo, responde o velho Lobo. –e quanto a ser velho ou não, você não pode falar nada né ô Sexaromário.
As gargalhadas que tomam conta da sala são mais uma vez interrompidas Por ele, o cara da CBF, o Teixeirão.
-Bom, eu só queria mesmo que vocês estivessem cientes da importância desse jogo, tenta encerrar. Nós tentamos várias seleções, mas só a Guatemala aceitou participar desse importantíssimo amistoso. –Agora eu gostaria de convidar os senhores para assistir um vídeo que foi preparado especialmente para a ocasião, vocês vão adorar.
Todos retiram-se da sala prestando atenção da nova piada que Romário conta. O ambiente é então tomado por dois faxineiros que após ouvirem toda a conversa, entram para desempenhar suas tarefa enquanto comentam o diálogo que ouviram:
-Cara, esse jogo vai ser o bicho, todas aquelas gostosas da globo devem estar lá.
-Podes crer, eu só queria dar uns pegas na Juliana paz.
-Você não vê novela não seu retardado? A Juliana paz é crente e além do mais você tem que separar as mulheres em três grupos: as que te dão mole, mas que são tão feias que você não tem coragem de pegar, as que você tem que fazer um esforço digno de missão impossível para pegar e as que nunca, mas nunca mesmo você vai pegar, como a Juliana paz por exemplo.
-Até parece, olha quem fala, só pega empregada.
-Pelo menos eu pego alguém, e chega de falar disso, Tu ouviu os caras falando do jogo cara?
-Claro que ouvi, você viu que palhaçada? Porque eles não dizem logo que tão fazendo tudo isso por dinheiro.
-É. Você viu o valor que cada um vai ganhar nessa brincadeirinha, a Globo tem muito dinheiro mesmo.
-E no globo esporte de hoje ainda vieram com aquela palhaçada de que o amistoso é importantíssimo. Importantíssimo que nada. Só chamaram brasileiros porque os clubes da Europa não iriam liberar jogadores para essa festinha global.
-É isso mesmo, esses caras só ligam para o dinheiro, um deles constata no mesmo momento em que os dois avistam uma nota de R$50,00 deixada no chão. Eles trocam olhares e quase que simultaneamente gritam: -Eu vi primeiro. E se jogam em busca da nota como dois deputados atrás de um aumento salarial.

Esperando

A espera. Esse apresenta-se como o tema central da mais recente obra cinematográfica por mim apreciada. “O Terminal” é um filme que trata da estória de Victor algum sobrenome impronunciável, um cidadão de um país chamado Krakozhia, que ao desembarcar no aeroporto de Nova York descobre que a sua terra tornou-se palco de uma guerra civil. Como seu país não possui um governo estabelecido, ele não possui permissão parar entrar em Nova York e muito menos tem a chance de voltar à sua nação. Victor fica, portanto preso no aeroporto onde aos poucos vai se adaptando, fazendo amigos, passando bons e maus momentos enquanto espera pela liberação do seu visto. Ele vai construindo uma vida no aeroporto enquanto aguarda.
A trama é um tanto quanto simples, mas o filme mostra como o simples não é sinônimo de algo ordinário. Além do mais, Tom Hanks no papel principal elimina qualquer possibilidade de um filme vazio. O mais interessante desta obra cinematográfica é realmente a questão da espera. Todos nós esperamos algo. Estamos sempre em busca de uma oportunidade e mesmo que nos esforcemos para consegui-la, algumas vezes tudo o que temos a fazer é esperar. É surpreendente como a espera acaba em um milésimo de segundo. Um longo tempo é dedicado a ela, mas quando o seu fim é atingido ela se encerra de uma forma medíocre. Algumas vezes ela é frustrante, mas pior que uma espera cansativa e frustrante é quando a própria espera de nada valeu. Quando ela é encerrada e constatamos que permanecemos as mesmas pessoas de antes. Quando nada aprendemos durante o longo tempo em que buscamos determinado fim. Quando nada mudamos, desapontados permanecemos.
Algumas vezes vale a pena esperar. É quando todos aqueles sonhos e fantasias elaborados por uma mente que apenas aguarda, realizam-se no término da espera. Quando todos os anseios e buscas chegam ao fim numa irradiante constatação de que valeu a pena esperar. Quando conseguimos, temos a impressão de que cumprimos uma etapa da nossa trajetória.
Mais do que o fim da espera, o mais edificante é julgá-la por ela mesma. Uma espera ideal é aquela que traz experiências. Muitas vezes vale a pena esperar, mas o mais quimérico é quando é a própria espera que vale a pena.
A espera é como uma caminhada, cujo objetivo pode demorar muito para ser atingido. A experiência e os ensinamentos adquiridos durante a busca pelos nossos objetivos são muitas vezes de um enorme valor para a nossa formação*. No filme, o personagem principal com certeza não seria o mesmo se não houvesse adquirido todas as experiências durante sua vivencia no aeroporto. O objetivo principal da sua viagem foi atingido, mas os ensinamento adquiridos durante a espera foram valiosíssimos. Muitas vezes o caminho vale mais a pena do que o fim.

*A Comparação da espera com um caminho lembra-me muito o poema “Ítaca”, que é sem sombra de dúvida o meu poema preferido. A quem interessar possa, eu o transcrevi no meu flog.

Obs: apesar do texto ser bastante sério, o filme é muito interessante e engraçado também. Vale a pena.

Quimérico:
Adj.1.Que não é real: fantástico, imaginário, impossível.2. que toma a fantasia como realidade.

quarta-feira, abril 27, 2005

Diálogos sobre futebol e outras coisitas mais

-Desculpe-me o atraso chefe, eu confundi o horário, dirige-se Carlos Alberto Parreira ao bam bam bam da confederação brasileira de futebol, Ricardo Teixeira.
-Tudo bem, agora já podemos começar a reunião, ele responde.
-E aí, peixe, beleza?, saúda Romário.
-Pô, Parreira, eu não te falei que a reunião iria começar às 13 horas em ponto, Reclama Zagallo.
-Bem amigos aqui reunidos, vamos dar início a reunião, ensaia um início o grande Galvão Bueno
-Ô Galvão, pode deixar que eu vou dar o início e você não precisa narrar a reunião não, tá bom, toma as rédeas da situação enquanto senta-se à cabeceira da mesa o presidente da CBF que prossegue com sua fala:
- Bom, eu chamei vocês aqui hoje, de acordo com a solicitação da rede Globo de televisão...
-Plim Plim, emite a onomatopéia Romário que provoca riso em todos os presentes.
-Posso continuar?, e após o sinal positivo de Romário, prossegue O Ricardo que não tem coração de Leão: - Eles acharam importantíssimo, e o Galvão sabe disso, lembrar vocês da importância do jogo de hoje. Estaremos comemorando os 40 anos de uma emissora que sempre esteve ao lado dão Brasileiro, que sempre apoiou os governos, sejam eles corruptos, ditadores, torturadores ou enganadores, demonstrando o seu total amor pelo Brasil.
-Sem falar que é a minha despedida oficial né peixe?, faz questão de lembrar o baixinho.
-Fala sério Romário, só te chamaram porque agente vai enfrentar esse timeco aí dos guatemalenses, responde Zagallo, que tem sua fala interrompida por Romário:
-São Guatemaleiros seu velho chato, e você tá falando isso só porque nunca fizeram um jogo em sua homenagem.
-Já me fizeram tantas homenagens que eu até já perdi a conta e você me respeite porque eu sou o único penta campeão mundial, retruca Zagallo.
-Bem amigos aqui presentes, vamos parar com essa discussão que isso não vai levar a nada e além do mais vocês vão jogar contra os Gualtematecos, encerra a discussão Galvão Bueno demonstrando toda a sua cultura adquirida na barrinha de busca do google.
-Como eu ia dizendo, prossegue o Ricardão, além do jogo ser transmitido ao vivo para todo o Brasil, nós ainda vamos ter a presença de várias pessoas ilustres...
-Não me

segunda-feira, abril 25, 2005

Aventuras no 766

Tarde de um corriqueiro domingo. Um coletivo segue a sua viagem tranquilamente, até que nada mais, nada menos que 16 pessoas adentram no mesmo. A partir daí, aquela viagem não seria mais a mesma. Um por um eles vão passando pela roleta, até que o tio Carlos Castilho encerra a fila pagando a passagem de todos iniciando uma autêntica folia do Tio Carlos. A corriqueira algazarra típica do instinto coletivo é finalmente rompida:
-Paty, Eu estou apaixonado por você, dispara ninguém menos que Jozuorkut.com
Surpresos, todos os 16 presentes voltam seus olhares para o diálogo, enquanto o garoto lan house se levanta e dispara seu sedutor olhar de Internet banda larga. Paty maionese apenas sorri, e o que mais ela poderia fazer diante das palavras de Jozuorkut.com?
-Eu quero um beijo, Paty, avança o garoto lan house que se aproxima cada vez mais da inocente menina, enquanto a mesma oferece apenas a sua bochecha. Mas ele não desiste e prossegue:
-Paty, eu tenho mais de duzentos amigos e mais de 900 mensagens do meu scrap book. Sem falar no meu grande número de testimonials. Você não pode recusar alguém tão especial quanto eu, insiste o Don Juan digital.
Paty maionese resiste bravamente ao bombardeio de galanteios, mas vai aos poucos mostrando-se cada vez mais vulnerável. Ela começa a sorrir, enquanto ele não desiste:
Eu sou brasileiro e não desisto nunca, pensa ele enquanto inicia mais uma investida:
-Que tal nós darmos uma volta na Lan house? O ambiente é legal e você vai adorar aquele escurinho. Vamos lá. Me dê uma chance de ler o seu profile, por favor.
Paty maionese estava realmente balançada pelo impagável discurso de Jozuorkut.com. Fazia muito tempo que ela não via o seu primeiro grande amor. Doug funny havia desaparecido da tela da sua vida sem dar qualquer satisfação e ela ainda apertava os botões do seu controle remoto em busca do rapaz. Ela estava quase cedendo e o garoto lan house se aproximando, quando alguém surgiu e mudou o rumo da trama. Mais rápido que o Rubinho barrichelo, mais bonito que o Severino Cavalcante e mais eficaz que o congresso nacional, surge ele, o Super-Pochete. O super-herói da vitória aproxima-se de Jozuorkut.com e retira de sua super pochete um cd-rom. Estende a mão para ele enquanto afirma que com aquele cd é possível adicionar mais 50 amigos automaticamente. O Don Juan digital reveza seu olhar entre sua vítima e o cd, mas ele não resiste e levanta-se para pegar o cd. Nesse exato momento, Bruno Big Boy aproveita-se do espaço e senta-se entre Paty maionese e o garoto lan house, rompendo qualquer diálogo entre os dois. Alguns afirmam que jozuorkut.com ainda tentou seduzir a inocente Paty Maionese com um banquete de casquinhas ao ritmo do M.C. Donalds. No entanto, graças ao esforços do Super-Pochete e de Bruno Big Boy, o garoto lan house não conseguiu atingir seus objetivos e Paty maionese não o adicionou e muito menos deixou-lhe qualquer recado no seu scrap book. Será que jozuorkut.com desistirá do seu plano? Conseguirá paty maionese resistir? Super-Pochete e Bruno Big Boy conseguirão protegê-la? Não percam o próximo capítulo neste mesmo endereço, neste mesmo servidor em um horário que não faço a mínima idéia qual será...

Sendo simples*

Estou eu em casa em uma tarde de segunda-feira quando recebo uma ligação. Do outro lado da linha está um amigo meu, o Bruno que inicia a conversa com aquele famoso papo: -e aí, beleza? Tudo bem? Olha só to ligando para falar sobre as programações da igreja porque é preciso lembrar. -Quinta nós vamos ter o picnic, prossegue ele. Eu respondo que já possuo conhecimento do horário e de tudo mais. - Isso mesmo, ele responde. -E domingo vamos ter a aula lá no shopping, ta sabendo né?
-Sei Bruno, vai começar tal hora e vamos fazer tal coisa e tal, respondo mais uma vez mostrando que estou a par da situação. Nesse momento já ficou óbvio para mim que ele não havia me ligado para falar apenas sobre o que eu já sabia e além do mais ele havia pulado as informações sobre o sábado, no qual eu já sabia qual seria a programação. Foi aí que ele foi direto ao assunto e as minhas suspeitas confiramram-se quando ele disse: -no sábado vai ter a festa lá na casa da Adriene, ta sabendo né? -Vai começar tal horas e tal e eu tava pensando em você para fazer o devocional. -O que vc acha? É tranqüilo cara. -Vc sabe fazer isso. -Agente vai cantar uns louvores, aí você lê a bíblia lá, fala Pessoal Deus ama a todos e amém, acabou. -Tranquilão cara, encerra ele. Como resultado de ter dito sim preparei o bendito devocional.
É incrível como o Bruno consegue simplificar as coisas. O devocional que eu deveria fazer para ele se resume a um ler a bíblia e amém. Se eu fosse fazer isso, seria mais rápido que o novo avião do Lula. Eu fico imaginando o Bruno explicando a bíblia com essa simplicidade e foi aí que eu parei para pensar um pouco sobre isso tudo. Como as vezes nós conseguimos complicar coisas que são tão simples de uma tal forma que elas nem parecem mais as mesmas.
Jesus é o melhor exemplo de alguém que não gostava muito de complicaras coisas. Quando questionado sobre o mais importante dos mandamentos, resumiu toda a lei de Moisés e os ensinamentos dos profetas em dois mandamentos: “Amarás ao Senhor teu Deus com toda a tua alma, todo o teu coração e todo o teu entendimento” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo . (Mt 22:37)
Quem adora complicar as coisas é realmente a raça humana. Nisso nós somos imbatíveis. Deus criou o mundo, revelou-se aos judeus através de milagres e os guiou através de Moisés. Seus ensinamentos eram passados através dos profetas até que a maior de todas as profecias foi cumprida. Ele enviou seu filho e através dele fez-se carne vivendo como nós entre nós. Anunciou que ele era o caminho, a verdade e a vida e cumprindo as profecias foi crucificado, para no terceiro dia ressuscitar. A partir daí, quem receber Jesus em sua vida como senhor e Salvador, seguir esse manual de instruções aqui e for batizado, receberá o espírito santo e herdará a vida eterna.
Uma infinidade de pessoas acredita nisso aqui, mas temos uma infinidade de igrejas que não concordam com a forma de tomar a ceia ou com a forma de orar ou com a forma de fazer isso ou aquilo. O resultado é são quase três mil igrejas evangélicas só no Brasil. O simples está sendo cada vez mais complicado. A essência do cristianismo é a mesma e basta seguir esses mandamentos, no entanto complicamos tanto as coisas que inventamos quase três mil formas diferentes de seguir esses mandamentos. Esse é o primeiro sentido para a simples. A simplificação do sentido do que acreditamos.
Um segundo sentido seria a maneira como nós fazemos as coisas. Certas vezes nós estabelecemos alguns rituais para lidar com Deus e acabamos complicando o nosso relacionamento com ele. Os complicados rituais para coisas simples existiam muito na França sobre o reinado de Luiz XIV. O simples despertar do rei e da rainha eram cercados de rituais que demarcavam toda a hierarquia da corte que os cercava.
A Rainha por exemplo era desperta por uma criada que dormia logo aos seus pés. As portas são abertas para que uma das criadas fosse para a cozinha providenciar o café. Enquanto a rainha ainda estava deitada, uma outra criada colocava-se à porta deixando entrar apenas as senhoras que tinham o privilégio do acesso. Uma primeira criada vestia-lhe a saia de baixo e o vestido, entretanto se uma princesa da família por acaso estivesse presente, era ela quem tinha o privilégio de pôr a blusa na rainha.
Certa vez, a rainha acabara de ser despida por suas damas. A criada de quarto estava segurando a blusa e ia entregá-la à dama de honra quando a duquesa de Órlenas entrou. A dama de honra devolveu a blusa à criada, que pretendia justamente entregá-la à duquesa quando chegou a condessa de Provence, nobre de um nível superior ao da duquesa. Assim, a blusa passou novamente para a dama de honra e só então a rainha foi recebê-la, das mãos da condessa de Provence. Durante todo aquela tempo ela permaneceu nua como Deus a pôs no Mundo.
A cerimônia do despertar da rainha mostra muito bem como objetivo principal do ato era muitas vezes superado por uma etiqueta que funcionava como símbolo de distinção social. E é exatamente isso que fazemos muitos vezes para nos aproximarmos de Deus. O tratamos como um Deus tão inatingível que não acreditamos sermos dignos de falar com ele. A simplicidade está no fato de falarmos com Deus através da oração. Para isso ele não especificou nenhum lugar. Não precisamos subir em um monte, colocarmos uma roupa especial para falar com Deus. Podemos falar com ele a qualquer momento e Jesus ao falar sobre a oração em Mateus 6:5 afirma que Deus já sabe o que nós precisamos antes de pedirmos. Nós temos apenas que falar com ele.
Em Marcos 11:24 ele afirma que quando oramos e pedimos alguma coisa, devemos crer que já a recebemos , e assim tudo nos será dado. Nosso relacionamento com Deus não precisa seguir rituais. Ele deve ser direto, mediado apenas pelo espírito santo e nada mais.
Um terceiro ponto em relação à simplicidade é a forma como vivemos. Procurando no Pai dos inteligentes eu descobri que um dos significados para simples é a humildade. No capítulo 11 de Hebreus, quando a bíblia fala sobre fé, utiliza como exemplo vários homens que a cultivaram. Esses homens não são exaltados pelo o que possuíam ou pela prosperidade, sucesso ou poder que alcançaram nesta vida. Todos declararam que eram estrangeiros de passagem por esse mundo. É exatamente isso que todos nós somos, estrangeiros nesse mundo e como estrangeiros não faz sentido complicarmos demais as nossas vidas em um local onde logo não estaremos mais. Vivendo em um mundo cada vez mais complicado é preciso ser simples.

*texto que eu preparei para o devocional da reunião dos jovens da minha igreja realizada no último sábado.







quinta-feira, abril 21, 2005

Reflexões sobre o quase

Eu quase consegui. Quem nunca quase atingiu um objetivo? Eu quase consegui revelar os meus sentimentos para ela, quase consegui aquela vaga, quase venci, quase cheguei lá, quase disse a verdade. Os “quases” da nossa vida são realmente infindáveis e as vezes é um simples detalhe que impede que o quase concretize-se. Como diria o mundo livre s.a estamos quase sempre otimistas, tudo vai dar quase certo.Mas o quase não basta e ele é uma barreira quase intransponível. Eu estava a pensar sobre isso após assistir ao filme “Quase dois irmãos”, indicação do meu amigo falcão.
Se você já viu o filme, então pule esse parágrafo, pois ele é um simples resumo. O filme fala sobre dois amigos de infância que vêm de mundos totalmente diferentes. Nos anos 50, eles se conhecem na infância em um roda de samba: Miguel, um garoto branco de classe média, filho de um jornalista apaixonado por samba e Jorginho, um menino negro morador de uma favela, filho de um grande compositor popular. Anos depois, na década de 70, eles se reencontram no presídio de Ilha Grande onde Miguel, um preso político e Jorge, um assaltante de bancos são encarcerados juntos de acordo com a recém-implementada Lei de Segurança Nacional que esvaziava o caráter político da ação de militantes de esquerda. O filme Mescla cenas dessas duas épocas com cenas atuais em que o Deputado Miguel conversa com Jorge, que comanda o tráfico de dentro da cadeia. Para completar a mistura de mundos diferentes, a filha de Miguel envolve-se com um traficante e passa a subir o morro constantemente.
O mais interessante do filme é que ele mostra que o quase está muito distante do certo. A convivência e até mesmo a amizade não são capazes de romper com as barreiras sociais. Realidades diferentes podem se cruzar, mas não se misturar. E aí fica a questão: Como podemos resolver todos os problemas sociais que temos, sabendo que os mesmos envolvem pessoas diversas advindas de contextos diversos e que muitas vezes as regras coletivas não fazem sentido para todos da mesma forma? Como estabelecer a igualdade na lei, se ela nunca foi vista na realidade? São mais questões que juntam-se ao hall de questões sobre o Brasil que quase conseguimos encontrar uma solução. Mas infelizmente o quase não basta...

terça-feira, abril 19, 2005

Furo de reportagem sobre o Conclave

Sinal verde para o conclave do vaticano. Um acontecimento carregado de suspense digno de Alfred Hithcock. Surpreendendo todos os fiéis, os 115 cardeais votaram pela escolha do novo papa logo no primeiro dia e a fumaça preta indicou que eles ainda não chegaram a um consenso. Isso é o que você pensa, pois os nossos meios de comunicação de massa infelizmente não possuem o domínio da verdade. Se não fossem as informações do meu blog você iria continuar acreditando no que a novelinha global, conhecida como Jornal Nacional, noticia. Portanto, prepara-se para saber o verdadeiro motivo da fumaça preta que tomou os ares da capital italiana hoje à tarde. As informações me foram passadas pelo nosso inquestionável correspondente internacional, o Nelson Black Cat Rubens.
Com os incríveis talentos que só um gato vira-lata pode receber da natureza, Black cat deu uma de Big Brother e de cima do telhado conseguiu, através da chaminé, observar quase tudo o que os Cardeais faziam. Era a hora do almoço na capital italiana e os cardeais esperavam encontrar uma farta mesa na capela sistina. Para a surpresa de todos, não havia absolutamente nada que pudesse ser ingerido no ritual do “enche a pança”. Apenas uma gigantesca mesa e uma sujeito minguado de bigode que lembrava o seu madruga parado ao lado da lareira. A fome santa tomava conta de mais de uma centena de estômagos roncantes, quando um brasileiro teve uma idéia: -Tende calmas, vamos fazer uma vaquinha, comprar uma carne e aí vai rolar um churrasquinho. Todos coçaram os seus bolsos no ritual do “deixa de ser pão duro” e dirigindo-se para o seu madruga ordenaram que ele comprasse a tal carne com o dinheiro arrecadado. O simpático magrelo saiu em busca da caça à caminho do açougue, mas teve a sua jornada interrompida por um cidadão rechonchudo que ao invés de falar “Olouco meu”, proferiu as seguintes palavras: - Seu madruga, que coincidência encontrar o senhor por aqui.
-Seu Barriga, eu estou com pressa e depois falo som o senhor, tentou esquivar-se o franzino sujeito.
-Negativo, eu vim receber o aluguel e como o senhor não deve ter dinheiro algum, vou levar isso aqui mesmo, Retorquiu o simpático gordinho tomando das mãos de seu madruga o chapeuzinho de um cardeal que continha todo o dinheiro fruto da vaquinha santa.
No caminho de volta para a capela sistina, seu madruga precisava encontrar algo que pudesse assassinar a fome dos cardeais e avistando uma matilha de cães na praça de São Pedro, não pensou duas vezes. Chegando à capela, os cardeais estavam tão distraídos com a reprise do Jogo entre o Fluminense e o volta redonda, que apenas promoveram o bigodudo ao cargo de churrasqueiro oficial do conclave.
Já era noite quando o churrasco estava sendo assado na cerimônia do “au au assado” e a fumaça branca começou a sair da chaminé da capela sistina. Enquanto isso, os cardeais empolgados com a vitória do tricolor carioca, resolveram travar uma partidinha de futebol e como haviam muitos, foram utilizadas cerca de dez bolas de couro. Bola pra todo lado e graças a afinada técnica dos candidatos ao cargo supremo da igreja acatólica, por um acaso 6 delas foram parar na churrasqueira, fazendo com que a fumaça adquirisse um tom negro.
Churrasquinho pronto, todos se deliciaram com o jantar e o nosso correspondente Black Cat ao avistar uma verdadeira gata italiana, deixou o seu posto e seguiu os instintos da natureza felina. Torcendo para que o nosso correspondente leve um toco e retome sua observação, aguardamos novas notícias...
vendo: o césar Maluquinho falando sobre a cidade que ele administra
pensando: um dia eu ainda vou conhecer essa cidade da qual ele fala tanto
ouvindo: contos da carochinha

sexta-feira, abril 15, 2005

Sobre o que não é convencional

“A Unanimidade é burra”, já dizia algum desses caras que eu não lembro o nome. Coisas que todo mundo gosta, faz ou aprecia normalmente são tão comuns e sem algo a mais. Acostumado com elas, vejo qualquer sublimidade ou prazer que nelas pudesse residir se esvaecer tão facilmente. Foi esse motivo que me levou a integrar a comunidade orkutina “do contra”; o mesmo motivo que já me deixou tantas vezes isolado e incapaz de me integrar a um grupo social. Ser “do contra” não é muito fácil e as vezes eu sou tão crítico em relação a outras pessoas que parece que eu estou no lugar errado. Mas sempre existe alguém que concorda comigo e que gosta das mesma coisas que eu e é nesse momento que eu descarto a hipótese de ser um extra-terrestre.
Ao ver a lista dos filmes em cartaz, os que mais me interessam são normalmente aqueles que estão em locais mais distantes e que o menor número de pessoas se interessaria por ver. É claro que filmes tipicamente hollywoodianos também prendem a minha atenção, mais ultimamente a grande minoria deles tem me agradado. Fugindo desse tipo de filme fui a um dos menores cinemas que conheço assistir a um filme que já deveria ter saído de cartaz. Nada mais comprovante de que eu sou “do contra” do que chegar no famigerado cinema e encontrar apenas duas pessoas dispostas a apreciar a sétima arte ao meu lado. O filme, eu já estava para assistir a um longo tempo.
“Mar Adentro” é o mais recente filme a adentrar na minha lista daqueles que merecem o título de obras de arte e que tornam-se experiências marcantes. O filme trata da questão da eutanásia e estão presentes ali todas as discussões que nos acompanham diariamente e dais quais muitas vezes fugimos. A nossa incapacidade diante da morte e a imprevisibilidade do evento, as nossas escolhas e liberdades, o direito sobre a nossa vida, o amor e o direito de se deixar ser amado, o sentido da vida; tudo isso é exposto de forma sublime nessa película espanhola. Os atores tem uma aparência tão comum, tão distantes daqueles semi-deuses hollywoodianos, que realmente me deixaram a impressão de existirem em algum lugar do mundo real. Na verdade a trama foi baseada na vida de Ramón Sampedro, um marinheiro que após sofrer um acidente e passar 26 anos tetraplégico, decidiu que era melhor morrer. Como não podia fazê-lo sozinho, lutou três anos na justiça pelo seu direito. Derrotado na justiça, convenceu 14 amigos a cometerem ações que não constituiriam crime, mas que o levariam à morte. Por fim, conseguiu atingir o seu propósito e a grande causa que o movia era a de que a vida é um direito e não um dever.
Decidir morrer, mesmo estando em uma situação adversa como a de Ramon, é algo que vai contra as regras impostas pela nossa sociedade. É nesse momento que eu retorno ao ponto inicial do meu texto. A questão central é que somos submetidos as regras sociais e somos educados a fazer e a gostar de coisas que sejam reconhecidas como dignas socialmente. Temos as nossas vidas guiadas pelo medo de errar e pelo medo de sermos reprovados pelas pessoas que nos cercam. A nossa liberdade é realmente limitada e livrar-nos desses grilhões impostos por essa sociedade da aparência é um grande desafio, que poucos tentam encarar. Ir contra é muitas vezes atestado de insanidade mental, mas muitas vezes nadar contra a corrente é mais instigante do que se deixar levar pela maré e como diria M.V. Bill se for para ser feliz como uma marionete do sistema, serei maluco até o fim.

“Liberdade é um conceito que o homem inventou, que todo mundo almeja mas que ninguém sabe realmente o que é”. Frase que encerra o documentário “Ilha das flores”, que por sinal é um curta estarrecedor que deveria ser visto por todos que se dizem humanos.

quarta-feira, abril 13, 2005

Um dia Na zona sul

Algumas vezes, por circunstancias variadas necessitamos entrar em outros universos. Por uma dessas razões corriqueiras precisei ir até Copacabana. A primeira pergunta que me fiz foi: como chegar a Copacabana? As opção são realmente infindáveis, mas o metrô e um amplo leque de linhas de ônibus parecem ser as escolhas mais possíveis para um cidadão que deseja ir à Copacabana. Ir à zona sul parece ser algo como ir à outra cidade, e para empreender tal tarefa eu resolvi embarcar em um coletivo. A única espera que tive foi por um ônibus sem ar-condicionado que não chegou, talvez porque em direção à zona nobre do Rio não seja permitido suar, ao contrário do que ocorre na outra cidade do Rio, onde todos sabem exatamente como se sente uma sardinha dentro da lata.
Chegando em Copacabana no ar-condicionado, observando as pessoas nas ruas, as lojas e as ruas limpas, percebi como todas as coisas naquela região são revestidas de algo refinado. As pessoas parecem serem mais felizes e mais belas. As lojas vendem todos os tipos de produtos para os mais variados gostos. A praia, bem próxima, deixa o ambiente ainda mais aconchegante. Tudo parece funcionar perfeitamente, mas como um conhecido ditado proclama, as aparências enganam. E algumas vezes as pessoas corroboram para o engano coletivo e todos passam a preferir o ilusório conto de fadas.
Entre uma loja e outra de Copacabana, tem sempre uma coisa que poucos vêem: um mendigo. Esse ser também está em Copacabana e ele não combina nada com o bairro. A solução para o dilema é simples: ignora-se o mendigo. Ignorar aliás é algo que nós seres humanos sabemos fazer perfeitamente. Olhamos para ele mas não o vemos nem o percebemos e para resolver esse dilema algumas vezes dizemos que isso é um absurdo e que o governo deveria acabar com isso. Outras vezes contribuímos para uma dessas campanhas assistencialistas para diminuir o nosso sentimento de culpa. Chegamos até mesmo a atingir uma indignação momentânea que rapidamente desaparece. Nós passamos a vida fazendo escolhas e deixar de notar o mendigo é apenas mais uma dessas cômodas decisões que precisamos tomar. Muitas vezes até mesmo deixamos de dormir por conta de alguma decisão mal resolvida em nossas vidas, mas certamente a desgraça alheia não é capaz de tirar o nosso sono. Isso tudo porque infelizmente somos individualistas ao extremo e nos adequamos perfeitamente a essa lógica neoliberal que tem como máxima o slogan do cada um por si. A teoria da seleção natural é o motor propulsor das nossas vidas e como só os mais aptos sobrevivem agimos como verdadeiros selvagens e querendo ser sempre os mais fortes destruímos, estraçalhamos e passamos por cima dos mais fracos. O único problema que alguns tem ao fazer isso é com a consciência, mas esse dilema é facilmente superado. Até mesmo esse que vos escreve não sabe o que fazer e tenta dissipar a sua indignação através de um blog. O efeito disso eu não sei, mas é apenas uma forma de ao menos tentar resolver esse dilema pessoal. Um desabafo que infelizmente só possuí utilidade para o próprio autor...

domingo, abril 10, 2005

Na Bilbioteca

-Bom dia, saudo o funcionário ao adentrar pela biblioteca do IFCS. Mesmo sabendo que a resposta não virá, sempre utilizo esse artifício para ao menos lembrar ao senhor, cujo nome eu prefiro preservar, que eu me encontro esperando um atendimento. Nesse dia especificamente, o “bom dia” serviria como forma de introduzir uma conversa que seria um tanto quanto difícil. Tudo porque eu pretendia devolver dois livros que por um acaso do destino estavam atrasados. Acontece que a conversa superou em dificuldade todas as minhas expectativas naquele vigésimo oitavo dia, uma comum terça-feira. Tudo começou quando o funcionário X me disse que os livros estavam atrasados e que portanto eu deveria pagar uma multa. Até aí tudo bem, mas só até aí mesmo.
-olha só, eu vou te cobrar a multa aqui porque você atrasou os livros, disse-me ele através daquela sua rouca e nada simpática voz, enquanto olhava para o calendário e calculava o valor que eu lhe devia. Permaneci em silencia aguardando a continuação do acontecimento, foi quando ele deu o veredicto:
-São dois reais, afirmou o cidadão que pela primeira vez desde que eu havia entrado naquele templo do saber olhou para mim.
-Como assim dois reais? A data carimbada aqui no livro está para o dia 27, só que o dia 27 foi um domingo e portanto eu não poderia devolver o livro no domingo... –São dois reais, dois dias, cinqüenta centavos cada livro, dois reais, interrompeu-me ele demonstrando toda a sua educação.
-Mas se eu devolvesse ontem eu não pagaria nada, certo? Retorqui atingindo um ponto eu que eu realmente queria comprar a briga.
-Se devolvesse ontem sim, mas hoje são dois reais, insistiu ele demonstrando toda a sua disposição para me ouvir.
-então meu senhor, tomei a palavra novamente –eu pago a multa de um real que é o valor certo da multa de segunda para terça-feira
Nesse momento, o cidadão inflamou-se e colocou para fora todo o seu ódio e disse que se eu não concordava com a multa de 2 reais ele iria me cobrar 4 reais. Apoiado por outro funcionário público ele insistia no valor, que depois de muito tentar convencê-lo,aceitei em pagar, num resquício do meu conformismo brasileiro. Entreguei-lhe então um nota de dez reais e enquanto assinava o livro notificando o pagamento, não resisti e cutuquei a onça com vara curta: -esse dinheiro pago pelos alunos, é investido no que?
Quase se atirando para mim, inflamado pela fúria dos super mal humorados funcionários públicos mamadores das tetas do governo, ele quase que gritou: -Se quizer saber vai perguntar pro diretor –eu não preciso desse dinheiro das multas não, e ainda mais nervoso acrescentou: -e você tá me devendo 4 reais e não dois, disse enquanto me entregava seis reais.
-eu não acusei o senhor de nada. E como assim quatro reais? O senhor não falou que eram dois reais? Questionei mantendo a calma e pegando o troco incompleto que ele havia quase que jogado no balcão.
Acontece que ele inflamou-se ainda mais e não devolveu o meu dinheiro. Ele já estava me roubando ao cobrar dois reais, e agora me rouba quatro, pensei comigo no momento em que me retirava da biblioteca percebendo que não daria resultado reclamar. Antes de saí deixei claro que eu não iria cavar até o nível de discussão que eles propunham e sinceramente disse: -Muito obrigado e tenham um bom dia, vocês são ótimos funcionários. É claro que a resposta não veio e possivelmente eles xingaram até a minha enésima geração, após eu ter deixado a biblioteca.
A história não acaba por aqui e se engana você que pensa que poderá sair do meu blog no meio da descrição da ocorrência. Acontece que depois disso tudo, eu calmamente redigi uma reclamação ao diretor da biblioteca contando tudo que havia ocorrido e solicitando a devolução do meu dinheiro. Entreguei a reclamação para a sub-diretora já que a autoridade máxima do estabelecimento não costuma freqüentar muito a biblioteca. Depois de longos dias procurando o tal diretor, eu consegui o encontrar e lhe entreguei a reclamação. Ele se mostrou uma pessoa que realmente sabe lhe dar com o público, pediu desculpas mas apoiando-se em um possível boletim baixado pela reitoria, ele me devolveu apenas dois reais afirmando que a cobrança dos fins de semana é válida. E agora? Vou reclamar com quem? Com o reitor? E depois? Com o César maia? Com a Rosinha? Ou com o Lula?
É incrível como as vezes nos nos sentimos incapazes de exercer nossos direitos nessa sociedade que se auto proclama como democrática.
obs: se vc quizer ler a reclamação que eu redigi, entra no link do meu flog aí...

sexta-feira, abril 08, 2005

Procurando o Papa

Estava eu em um desses poucos momentos em que os neurônios trabalham livremente, e que sem estarem empenhados em nenhuma tarefa específica apenas ajudam-me a passar o tempo pensando. Lembrei-me primeiramente do bob esponja e perguntei-me como ele pode ir à praia se ele vive no fundo do mar. As dúvidas que intrigam a humanidade ocuparam o meu tempo por vários minutos até que eu lembrei do cortejo do papa. Então eu comecei a perguntar acerca do destino do papa. Considerando que ele era a autoridade máxima da Igreja Católica Apostólica Romana e sabendo que esta igreja intitula-se cristã, podem ser pensados dois destinos possíveis para Karol Wojtyla, ambos segunda o cristianismo.
Na primeira hipótese, a mais aceita pelos católicos, ele teria ido para o céu, para o paraíso. Através de um exercício de livre imaginação, imaginei-me no vaticano entrevistando as pessoas que estavam na fila aguardando para ver o corpo do Papa. Eu,como um repórter prestes a ser demitido perguntaria em primeiro lugar, tal quallian Bonner perguntou para uma garotinha, para onde essas pessoas achavam que o papa tinha ido. Todas elas certamente responderiam que ele estaria no paraíso. Em seguida eu faria uma pergunta que apesar de ser óbvia, não perde a sua importância: -Se o papa está no céu, o que vocês estão fazendo aqui? Eu seria bombardeado com respostas de pessoas que estavam ali para ver o corpo do papa, logicamente. Supondo que o papa estivesse mesmo no céu, ele estaria vendo todos ali se despedindo do corpo dele. Algo como se eu estivesse no Afeganistão vendo pessoas se despedindo das minhas roupas que foram deixadas no Brasil. Roupas que apenas foram usadas por mim, tal qual o corpo do papa apenas foi usado por ele.
E se o papa não foi para o céu? Isso nos leva para a segunda hipótese, a de que ele teria ido para o inferno. Uma possibilidade que se afirmada em público poderia levar qualquer um a protagonizar o primeiro acusado de heresia a ser queimado numa fogueira higt-tech no século XXI. A hipótese do papa ter ido para o inferno passa longe da cabeça de todos, mas digamos que ele está mesmo lá. Ele estaria tão atormentado no inferno que nem teria tempo de ver as homenagens prestadas ao corpo dele.
O fato é que no inferno ou no céu, despedir-se do corpo do papa é uma inutilidade. O corpo que já deve estar apodrecendo terminará como todos os outros comido pelos vermes. O que realmente deveria importar era o destino da alma do papa e isso, ninguém além de Deus e ele sabe. Toda a gigantesca cobertura do velório e do enterro do papa, todo o número de pessoas que fazem questão de ver o corpo dele; tudo isso é difícil de entender. Eu não me surpreendo mais com nada e vivendo em uma sociedade em que você vale o que tem e não o que é, não é nada incomum que o corpo de um defunto mereça tanta atenção. Tudo porque as pessoas precisam ver algo que represente o defunto. Só o corpo pode cumprir essa missão e os ritos funerários a ele dados estão de acordo com a importância do defunto. O que eu realmente gostaria de entender é o que passa na cabeça dessas pessoas que afirmando serem cristãs, fazem de tudo para ver um corpo, nada além de um corpo.

terça-feira, abril 05, 2005

Sorrindo e mostrando os dentes

Hoje eu acordei para sorrir, mostrar os dentes. Hoje eu acordei, mas não vou matar o presidente. Hoje eu não vou falar da despedida do papa, até porque eu acho impossível se despedir de um morto. Hoje eu não vou dizer que eu não entendo porque todos querem ver o corpo do papa. Tampouco vou fazer referencia à romanceada cobertura que a mídia em geral, e mais especificamente a globo através da tocante reportagem de Willian Bonner, deu ao cortejo do corpo de João Paulo II.
No presente dia eu vou falar de mim e explicar porque eu acordei para sorrir e mostrar os dentes. Ontem eu recebi notícia de que eu consegui a vaga de monitor na minha faculdade. Após a entrevista com a banca dos “bam bam bans” de história antiga, eu apreensivamente esperava pelo resultado e hoje eu tive a confirmação. Certamente a remuneração não está à altura de Severino Cavalcante, mas representa uma tremenda mão na roda para a situação de pindaíba em que eu me encontro. Além do mais vai ser uma experiência e tanto dentro da área que eu gosto e onde eu pretendo atuar futuramente. O que o poderia esperar além disso?
Tudo isso foi alcançado graças a uma fórmula que nada tem de secreta: (esforço+fé=vitória). A fé em Deus e a concordância com a vontade dele somados aos esforços pelos seus objetivos inevitavelmente o levaram à vitória. Uma vitória que vem em horas inesperadas e muitas vezes de uma forma inusitada, mas que quando aterrisa em nossas vidas tem a capacidade de trazer ao nosso entendimento a perfeição do plano de Deus para as nossas vidas.
Enfim, hoje eu estou muito mais feliz que o normal e precisava expressar isso aqui no blog.

“Eis me então com esse propósito no coração, viver por fé e não por ilusão e para ele andar...” oficina G3.

segunda-feira, abril 04, 2005

O primeiro dia

Sempre foi assim. Quando aquela manjada musiquinha do fantástico atingia os meus tímpanos, uma sensação extremamente ruim tomava conta do meu ser. O domingo estava chegando ao final. O calendário sempre pareceu estar errado ao insistir que o domingo era o primeiro dia da semana. Como pode o dia que representa o fim do fim de semana ser o primeiro? Se o próprio dia já denota uma certa ansiedade negativa, imagina o final dele. O fim do fim de semana, o apocalipse da diversão semanal, o prenúncio do maior de todos os males encarnado sobre o inocente nome de domingo.
Enfim, domingo a noite é para muitos realmente melancólico e eu nunca fugi a essa regra. No entanto, ultimamente o domingo tem sido um dia para recarregar as minhas baterias e começar a encarar a segunda-feira com todo o gás. É no domingo que eu tenho a oportunidade de encontrar várias pessoas que foram elevadas ao nível de meus irmãos. Trocar experiencias, compartilhar da mesma fé, me divertir; tudo isso tem funcionado como um eficaz carregador para a minha pessoa. Vejamos o exemplo de dia de hoje: durmi muito mal, acordei ainda perserguido pelo sono, cansado e com um enorme preguiça. Pensei em não ir para a Igreja, mas acabei indo. Chegando lá, eu percebi o quanto eu ganhei em ter ido e o quanto eu perderia em permanecer no aconchego do meu lar. Passei o dia no aconchego da igreja de cristo e nesse domingo eu tomei a consciência de que o domingo tem tudo a ver com o primeiro dia da semana.
Aí, to apanhando pacas para conseguir colocar os links aqui no blog. Enquanto eu não venço essa luta
vou citar uns que eu iria colocar aqui só pra galera não dizer que eu não esqueci:
o blog da Gaby, minha amiga lá da igreja: http://gabrielacravoecanela.zip.net/index.html
o blog do Falcão: www.cronicamente.bolgspot.com (Esse aí foi inclusive um dos insentivadores, ou melhor m dos culpados por esse blog aqui)
e o flog da galera lá da igreja:
www.flogao.com.br/jovensdecristo
É, que eu lembre só são esses....

sexta-feira, abril 01, 2005

A segunda notícia

- Deixa a mamãe ouvir o jornal, deixa minha filha. A pequena Renata acata o pedido de Elizabeth, que tendo sua curiosidade atiçada pela chamada do telejornal quer saber mais notícias sobre o estado de saúde do papa. Os rumores que chegaram aos ouvidos de Beth, afirmavam que a autoridade máxima da Igreja Católica estava em um estado de saúde cada vez mais precário. O próprio Willian Bonner fez questão de chamar a atenção dos telespectadores para o estado de saúde do Papa, logo no início do telejornal líder de audiência desta subdesenvolvida nação.
Mas naquela sexta-feira onde muitos comemoravam a tão esperada chegada do fim de semana, não era só no vaticano que algo havia ocorrido e apesar de Beth ter percebido isso, foi a pequena Renata que mostrou maior curiosidade pela “segunda notícia” do dia. – Foram quantos mamãe? Questionava a menina de apenas cinco anos.
-Não sei filha, acho que foram uns trinta. Respondeu Beth como se estivesse ditando a receita de um bolo.
-trinta! Exclamou um tanto quanto espantada a menina. –Mas porque fizeram isso mamãe? –Essas pessoas eram más? A menina questionava cada vez mais, ávida por informações e por um mínimo de compreensão acerca do assunto. Talvez fosse demais para a cabeça de uma menina de cinco anos, mas o fato é que ela realmente não conseguia entender.
-Pera aí filha que agora ta falando do papa. Beth concentrava todos os seus sentidos na televisão e todo o esforço era válido afinal a longo reportagem era dedicada ao papa que infelizmente estava correndo risco de morte.
- coitado dele, amanha vou lá na sé fazer uma prece para salvar a vida dele. Pensou em voz alta Beth.
-ein Mamãe, porque fizeram isso? Ainda questionava a pequena Renata.
-Não fizeram Renata, é que ele já está bastante velho e doente, e papai do céu deve estar precisando dele lá em cima, por isso que ele está morrendo. Mas se Deus quiser ele ainda vai viver muito. As palavras foram apenas jogadas ao ar por Beth que ainda não havia desviado o olhar da televisão.
-Não mamãe. Eu to falando daquelas pessoas que morreram. A senhora não ouviu o moço falando aí na televisão? Papai do céu estava precisando delas também mamãe?
-Foi aí que as palavras de Renata verdadeiramente chegaram aos ouvido de sua mãe. Beth lentamente desviou o olhar da televisão e quando encontrou as ditas janelas da alma de sua filha viu neles uma incompreensão tão inocente, tomou consciência da “segunda notícia”, abraçou a filha e disse a primeira coisa que lhe veio a mente, na tentativa de reconfortar não só a filha, mas a ela mesma: - é filhinha, elas eram pessoas muito boas e certamente estão lá com o papai do céu agora.
A “segunda notícia” dizia respeito aos acontecimentos da última madrugada numa cidade que, apesar de ser tão próxima da residência de Beth, não chegou a ser a primeira notícia do dia, sendo preterida em favor da situação da saúde do Papa. Trinta pessoas, entre elas crianças e mulheres, que cometeram o erro de estar na rua na hora e no lugar errado foram mortas, ou se preferir chacinadas, um verbo que a crueldade humana fez questão de criar e que de tempos em tempos voltamos a ouvir sendo conjugado.
A pequena Renata, na inocência dos seus cinco anos ainda não havia se acostumado com o fato da morte de trinta pessoas ser apenas mais uma notícia no telejornal. Ela estranhava que o estado de saúde de um velho homem merecesse mais atenção que a morte de 30 pessoas. Estranhava, mas certamente com o tempo ela irá se acostumar com as crueldades que o ser humano é capaz de cometer. Um dia achará normal que 10, 20 ou 30 pessoas tenham morrido, afinal são apenas números. Com o passar do tempo ela irá receber a anestesia e nada mais irá lhe chocar.

Eu? Tanásia? Nem Morto.

Todos já devem saber, mas eu vou comentar. Eu nem ia falar nada, mas eu me recuso a assistir a propaganda eleitoral em que César Maia tenta nos convencer de que a crise na saúde do Rio é culpa do governo federal. Além é claro de propagar a sua imagem de bom administrador de uma cidade que não tem problemas; tudo isso visando obviamente a sua candidatura a presidência da república.
Mas voltando ao assunto que me trouxe a frente do computador, hoje a Americana Terry morreu depois de 13 dias sem receber qualquer alimentação. A atitude do seu marido foi um tanto quanto estranha. Retirou a única fonte de alimentação de sua mulher e portanto a levou à morte, caracterizando um assassinato. Mais estranha que a atitude dele, foi a decisão da justiça da Flórida que permitiu que o marido tomasse exercesse tal ação. Se o objetivo da decisão era reduzir o sofrimento de Terry que não mais vivia, apenas vegetava, por que deixá-la sem alimentação sofrendo por mais 13 dias? Por que não aplicar logo de uma vez uma injeção letal ou algo assim posto que isso causaria um morte instantânea sem maior sofrimento?
Eu sou a favor da eutanásia de acordo com os quatro pontos expressos pela ong ADMD ( Associação Direito a Morrer Dignamente): O primeiro é que o doente tenha manifestado reiteradamente o desejo de interromper a vida, o que no caso de Terry fica difícil de precisar já que cada parte da família afirmava uma coisa. O segundo é que a doença seja crônica ou grave, afinal a decisão do doente tem que ser fundamentada. O terceiro, que a eutanásia seja feita por um médico, o que de certa forma poderia regularizar a prática. E o quarto, que a doença provoque sofrimento físico ou psíquico.
Apesar de ser a favor, eu certamente não teria coragem de autorizar a eutanásia de um parente próximo a mim, mas no entanto se fosse eu o doente não hesitaria em me submeter a prática.
A questão central da eutanásia está no direito individual. Acredito que todos devemos e podemos decidir se queremos interromper nossas vidas ou não e estando incapazes de fazer isso, só nos resta pedir a ajuda de alguém.
No filme “Os Incríveis” o sr. Incrível é processado por um homem pelo simples fato de ter impedido o seu suicídio. O homem argumenta no filme que o super-herói intrometeu-se na sua decisão e ainda o feriu no pescoço, no momento em que se atirou do prédio para o salvar. O trecho do filme levanta justamente a questão acerca do direito que temos sobre a nossa vida ser questionado em relação à morte. Podemos fazer tudo já que a vida é nossa, mas se decidimos acabar com essa vida somos questionados. Até onde vai a nossa liberdade?
A morte é um tabu cercado de amarras religiosas, morais e jurídicas –todas muito fortes. Para nossa sociedade judaico-cristã, impera a visão de que foi Deus que nos deu a vida e que, portanto, só ele pode tirá-la. Eu acredito que Deus não gostaria de nos ver submetidos a sofrimentos, tal qual ocorre em um estado vegetativo. Além do mais viver não se resume à respiração.

Obs1: Esse texto foi escrito durante a propaganda eleitoral de ontem protagonizada por ninguém menos que César Maluquinho. Eu tentei publicar isso ontem, mas o bolg estava de mau humor.

Obs2: quem quiser saber mais sobre o assunto, assista ao filme “Mar adentro” e leia a entrevista da super-interessante do mês de maio com Aurora Baú, uma das dirigentes da ADMD. E sem ligação direta com o assunto, assista também “Os Incríveis” que você não vai se arrepender.

Obs3: Falando em filme, alguém viu o final do filme “A isca perfeita”? É que eu não vi o filme todo.