Escritos e reflexões de uma mente atordoada Fora dos ilimitados limites da razão

domingo, abril 10, 2005

Na Bilbioteca

-Bom dia, saudo o funcionário ao adentrar pela biblioteca do IFCS. Mesmo sabendo que a resposta não virá, sempre utilizo esse artifício para ao menos lembrar ao senhor, cujo nome eu prefiro preservar, que eu me encontro esperando um atendimento. Nesse dia especificamente, o “bom dia” serviria como forma de introduzir uma conversa que seria um tanto quanto difícil. Tudo porque eu pretendia devolver dois livros que por um acaso do destino estavam atrasados. Acontece que a conversa superou em dificuldade todas as minhas expectativas naquele vigésimo oitavo dia, uma comum terça-feira. Tudo começou quando o funcionário X me disse que os livros estavam atrasados e que portanto eu deveria pagar uma multa. Até aí tudo bem, mas só até aí mesmo.
-olha só, eu vou te cobrar a multa aqui porque você atrasou os livros, disse-me ele através daquela sua rouca e nada simpática voz, enquanto olhava para o calendário e calculava o valor que eu lhe devia. Permaneci em silencia aguardando a continuação do acontecimento, foi quando ele deu o veredicto:
-São dois reais, afirmou o cidadão que pela primeira vez desde que eu havia entrado naquele templo do saber olhou para mim.
-Como assim dois reais? A data carimbada aqui no livro está para o dia 27, só que o dia 27 foi um domingo e portanto eu não poderia devolver o livro no domingo... –São dois reais, dois dias, cinqüenta centavos cada livro, dois reais, interrompeu-me ele demonstrando toda a sua educação.
-Mas se eu devolvesse ontem eu não pagaria nada, certo? Retorqui atingindo um ponto eu que eu realmente queria comprar a briga.
-Se devolvesse ontem sim, mas hoje são dois reais, insistiu ele demonstrando toda a sua disposição para me ouvir.
-então meu senhor, tomei a palavra novamente –eu pago a multa de um real que é o valor certo da multa de segunda para terça-feira
Nesse momento, o cidadão inflamou-se e colocou para fora todo o seu ódio e disse que se eu não concordava com a multa de 2 reais ele iria me cobrar 4 reais. Apoiado por outro funcionário público ele insistia no valor, que depois de muito tentar convencê-lo,aceitei em pagar, num resquício do meu conformismo brasileiro. Entreguei-lhe então um nota de dez reais e enquanto assinava o livro notificando o pagamento, não resisti e cutuquei a onça com vara curta: -esse dinheiro pago pelos alunos, é investido no que?
Quase se atirando para mim, inflamado pela fúria dos super mal humorados funcionários públicos mamadores das tetas do governo, ele quase que gritou: -Se quizer saber vai perguntar pro diretor –eu não preciso desse dinheiro das multas não, e ainda mais nervoso acrescentou: -e você tá me devendo 4 reais e não dois, disse enquanto me entregava seis reais.
-eu não acusei o senhor de nada. E como assim quatro reais? O senhor não falou que eram dois reais? Questionei mantendo a calma e pegando o troco incompleto que ele havia quase que jogado no balcão.
Acontece que ele inflamou-se ainda mais e não devolveu o meu dinheiro. Ele já estava me roubando ao cobrar dois reais, e agora me rouba quatro, pensei comigo no momento em que me retirava da biblioteca percebendo que não daria resultado reclamar. Antes de saí deixei claro que eu não iria cavar até o nível de discussão que eles propunham e sinceramente disse: -Muito obrigado e tenham um bom dia, vocês são ótimos funcionários. É claro que a resposta não veio e possivelmente eles xingaram até a minha enésima geração, após eu ter deixado a biblioteca.
A história não acaba por aqui e se engana você que pensa que poderá sair do meu blog no meio da descrição da ocorrência. Acontece que depois disso tudo, eu calmamente redigi uma reclamação ao diretor da biblioteca contando tudo que havia ocorrido e solicitando a devolução do meu dinheiro. Entreguei a reclamação para a sub-diretora já que a autoridade máxima do estabelecimento não costuma freqüentar muito a biblioteca. Depois de longos dias procurando o tal diretor, eu consegui o encontrar e lhe entreguei a reclamação. Ele se mostrou uma pessoa que realmente sabe lhe dar com o público, pediu desculpas mas apoiando-se em um possível boletim baixado pela reitoria, ele me devolveu apenas dois reais afirmando que a cobrança dos fins de semana é válida. E agora? Vou reclamar com quem? Com o reitor? E depois? Com o César maia? Com a Rosinha? Ou com o Lula?
É incrível como as vezes nos nos sentimos incapazes de exercer nossos direitos nessa sociedade que se auto proclama como democrática.
obs: se vc quizer ler a reclamação que eu redigi, entra no link do meu flog aí...