Escritos e reflexões de uma mente atordoada Fora dos ilimitados limites da razão

quinta-feira, julho 28, 2005

O Grito

Parecia ser uma noite como outra qualquer. A lua iluminava aquele recanto encravado nas montanhas na zona-oeste do Rio de Janeiro. O Sr. Incrível passava o seu tempo fazendo fotos artísticas de sapos ao lado do Super-Pochete que cantarolava uma música do “Rappa” enquanto lembrava da encenação em que ele havia relembrado como havia conhecido sua esposa. O uniforme laranja de Paula Comlurb reluzia na noite, enquanto ela voltava cansada para o seu chalé. Perto dali, A senhorita Tubbio, a jóia rara da vitória dormia tranqüilamente acariciando o cabelo de Gabycha, enquanto pensava em seu amado Carlitos. Priscila little car treinava novas modalidade de carrinho para o futebol do dia seguinte. Bruno Big Boy jogava war pela Internet com Nemo e Filipe Ruintá. No Chalé vizinho, Leo Henckckovsky lia o manual de instruções do microfone tentando aprender a falar com ele na boca e não no queixo. Não muito distante dali, os mineiros comiam bem quietinhos o seu queijo com goiabada e ninguém menos que Avril Lavrigne dava uma palhinha da sua mais nova canção enquanto Douglas translation traduzia para aqueles que não falavam inglês. O dia havia sido muito quente. O dia havia sido realmente muito quente. Na verdade, eu nunca havia visto um dia tão quente quanto aquele.

A normalidade foi subitamente quebrada por um grito. Do chalé mais alto, na montanha mais alta, veio o grito mais alto da noite. Não era um grito qualquer, mas sim um histérico e estridente exercício das cordas vocais, que onomatopéia nenhuma poderia traduzir. Todos, alarmados, procuravam a causa do grito, quando seu autor, abraçado à sua coberta e ao seu travesseiro, desceu correndo em passos largos e dignos de qualquer campeão de 100 metros rasos. Sua face trazia traços de pânico e os seus olhos, arregalados, pareciam haver visto algo tão horrendo quanto a cueca suja de algum assessor de deputado sem qualquer nota de dólar.

Aproximando-se, foi possível reconhecer o autor do grito. Era ele, Jozuorkut.com, o garoto lun house. Ainda com a respiração ofegante, ele finalmente relatou o motivo do grito:
-Alguém me abrace por favor, eu tive um pesadelo horrível e quando acordei dei de cara com um gambá.
-Um gambá? Dentro do seu quarto? Como assim? Questionou algum curioso ser.
-Bob Jefferson, Willian e Bruno Big boy, eu não já falei que vocês tem que tomar banho ao menos uma vez na semana? Questionou o Super-Pochete.
-Por que? Ih parceiro, não vem com essa não. Nós tínhamos combinado de tomar banho no domingo, por causa do culto, não lembra não, defendeu-se bob Jefferson, acompanhado da confirmação de seus comparsas.
-Era um Gambá de verdade. Um horrível, fedorento e nada fashion gambá. O tom das cores dele nem sequer combinavam. Era um gambá brega. Foi horrível, desabafou Jozuorkut.com.
E ele prosseguiu, ainda um pouco abalado pelo acontecimento:
-Mas o pior de tudo não foi o gambá, mas sim o pesadelo que eu tive. Foi o pior pesadelo da minha vida. Algo que choro só de pensar que se torne realidade.
-Conta logo o tal pesadelo e para de enrolar, disse alguma prática pessoa.
-Se não contar logo, vou te dar um carrinho hein, ameaçou Priscila Little car.
- Tudo bem, vou tentar não chorar enquanto conto. Estava eu indo em direção a lun house em um daqueles dias em que a vida parece sorrir para você. Minha blusa nova da cavaleira já havia recebido elogio de 4 pessoas e eu havia acabado de comprar uma calça que combinava com ela. Foi então que eu me deparei com um aviso na porta da lun house:
“ALUGA-SE”
-Como assim aluga-se? pensei eu. Como eles podem simplesmente fechar a minha segunda casa sem nem mesmo avisar ao seu mais fiel cliente? E o garoto lun house prosseguiu com a descrição do seu pesadelo:
-Fiquei chateado, mas como havia outra lun house na rua de trás e como outra pessoa elogiou minha camisa no caminho para lá eu logo melhorei de humor. Estava eu de frente para o computador quando tudo aconteceu. Digitei o endereço do mais famoso site de relacionamentos da Internet e quando me preparava para digitar a senha, apareceu a mensagem mais horrível que eu já li na minha vida:
“ DEVIDO A UMA DECISÃO JUDICIAL DA JUIZA JOANHN ESTRAGATION PRAZERATION DE NERDATIONS, ESSE SITE FOI RETIRADO DO AR POR DESCUMPRIR COM AS NOVAS REGRAS PARA A INTERNET APROVADAS PELA RECÉM CRIADA CONSTITUIÇÃO INTERNACIONAL DA WEB”.
-Em prantos, eu me joguei no chão e foi aí que eu acordei e dei de cara com aquele gambá brega da estação passada, encerrou o seu impagável relato o garoto lun house e já recuperado emendou:
-Agora eu preciso acessar a Internet urgente para ter certeza que o meu pesadelo não virou realidade. Partiu ele então correndo o mais rápido que podia, enquanto gritava:
-Eu quero meus scraps, quero alcançar a marca de 2000 amigos, eu quero, eu quero...

segunda-feira, julho 25, 2005

A juventude

A vida é curta e portanto devemos curti-la.”
“Aproveite a vida enquanto pode”
“Jovem tem que curtir mesmo”
“Jovem gosta de beijar na boca. Vale tudo na pegação”.
“Faça sexo à vontade, mas use camisinha”.
“Fora o preconceito. Não há nada de errado em ser homossexual”.

Frases como essas correm o mundo todos os dias por todos os meios de comunicação possíveis. Artistas famosos, que são tomados como exemplos por muitos jovens, repetem constantemente essas frases que resumem idéias que se tornam cada vez mais comuns na nossa sociedade. Ser moderno quer dizer aceitar todas elas e quem contesta qualquer uma é acusado de ser careta. Mas será que ser jovem é isso? Será que curtir a vida dessa forma é sinônimo de Juventude?
Acabei de voltar de um local onde jovens passaram o seu fim de semana cultivando, discutindo e aprendendo outros valores, bem diferentes das que nos são passados normalmente. Risadas, Amizades, amor e diversão não faltaram. Muito pelo contrário, sobraram bons momentos. Faltaram outras coisas como drogas, irresponsabilidade e sexo. Faltaram coisas que evidenciam uma alegria passageira que acaba na ressaca do dia seguinte ou em alguns casos no cemitério mais próximo. Faltaram valores que na verdade não tem valor algum e que, ao serem proclamados como normais, acabam sendo interiorizados como verdades inquestionáveis.
Jovens segundo o coração de Deus, o tema do retiro, mostra que existem outros tipos de jovens, bem diferentes daqueles que aparecem na televisão. Jovens que não deixam de aproveitar a vida, mas que tem a certeza que tudo o que fazemos tem uma conseqüência e que além de termos que arcar com elas, teremos um dia que prestar contas de todos os nossos atos. Jovens que sabem que um dia, não tão distante assim, estarão de frente para um trono de glória, diante do qual serão questionados acerca da forma com que aproveitaram a vida. Jovens que sabem que essa vida é uma mínima parte diante de tudo o que é a vida eterna. Uma mínima parte, no entanto, que determinará onde passaremos a nossa eternidade. Uma eternidade, que aliás, nem pode ser comparada à nossa vida na terra.
A diferença crucial entre os dois tipos de jovens está justamente na forma com que eles curtem a vida. Saber curtir a vida é, acima de tudo, saber vivê-la com responsabilidade e aproveitá-la com uma alegria real, que eu não trocaria por nada nesse mundo. Remar contra a maré é o que um jovem segundo o coração de Deus tenta fazer. Remar contra a maré do mundo e seguir com a força do vento de Deus, que é muito mais forte e estável.
Rejov 2005, a prova de que existem jovens diferentes que não deixam de ser jovens por serem seguidores de um homem que morreu em uma cruz por cada um de nós e que no terceiro dia ressuscitou para a glória do Deus vivo. Jovens que almejam ter uma coração segundo o coração de Deus.

“Alegra-se; jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe porém que de todas estas coisas Deus te pedirá contas”. Eclesiastes 11:9.

ps: Alguns acontecimentos no mínimo inusitados ocorreram no Rejov 2005. NO próximo post você ficará sabendo mais sobre esses acontecimentos. Aguarde e confie...



terça-feira, julho 19, 2005

Uma Semana produtiva

O Pedro Bial sempre deseja a todos uma semana produtiva no fim do “fantástico”. E não é que a minha última semana foi mesmo muito produtiva? Ao meus milhares de milhões de centenas de leitores, esse post talvez sirva como uma justificativa do meu mais longo período sem postar aqui no blog. Acontece que do dia 11 ao dia 15 eu estive submetido a uma espécie de regime de servidão voluntária. Não digo que foi uma escravidão por dois motivos: em primeiro lugar foi algo voluntário e em segundo lugar, eu tive e ainda terei alguns benefícios. Foi portanto uma servidão voluntária nos moldes medievais. Eu trabalhei, mas pude, digamos assim, separar alguns dias para cultivar a minha porção de terra.
Explicando de uma forma tradicional, eu participei do congresso da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos). Durante toda a semana estive ocupado com o credenciamento dos congressistas, o transporte dos retropojetores e outros detalhes específicos da organização do evento. Apresentei inclusive o meu projeto de pesquisa em uma das seções livres ao lado de mestres e doutores. Essa experiência, pode ser incluída dentro das recompensas, na medida em que pude conhecer e trocar figurinhas com estudantes e até mesmo pesquisadores renomados de outras universidades do país. A minha apresentação me mostrou também o valor de um elogio. Elogios de pessoas conhecidas vieram, mas eles sempre vem acompanhados de uma suspeita acerca da sua veracidade, posto que um amigo seu dificilmente vai chegar e falar que a sua apresentação foi desastrosa. Mas os elogios de mestrandos ou doutorandos que conhecem o assunto do qual você está falando parecem mais confiáveis. E foram esses dois tipos de elogios, que so serem tecidos ao meu trabalho, trouxeram-me uma espécie de recarga na motivação e um reforço na certeza de que eu estou no caminho certo e que com mais esforço, dedicação e é claro com a ajuda do meu Deus, eu posso e vou chegar lá.
Durante a semana passada, eu confesso que estive um pouco desligado dos noticiários e só ouvi os rumores de algumas malas de dinheiro encontradas por aí, algumas confissões de esquemas de corrupção e outros escândalos com os quais infelizmente eu já estou me acostumando. As recompensas adquiridas nessa semana talvez não tenham sido tão gratificantes quanto alguns milhões de dólares achados dentro da minha cueca, mas essas recompensas que eu tive são de outra natureza e não estão sujeitas a variações cambiais. São recompensas que aliam a sensação de dever cumprido com a sensação de que ainda há muito a ser feito e de que eu estou apenas começando. O tempo trará as respostas que ainda não vieram e se encarregará de confirmar os meus anseios.
Para encerrar a semana com chave de ouro, fui para o show do “Bambix”, “Nitrominds” e “Garotos Podres”. Para quem nunca ouviu falar dessas bandas e não sabe o que está perdendo, é até bom que continue sem saber o que está perdendo. Isso porque vai que você gosta e as bandas começam a entrar na moda. Elas deixarão de ser underground e perderão muito do espírito alternativo contestador e de identidade própria.
Um Cristão que anda de skate, almeja fazer história antiga no Brasil e escuta Bambix e Nitrominds talvez não seja algo que combine muito bem, mas quem disse que as coisas tem que combinar? A minha vida não é uma coleção de moda para ter as novas tendências combinando com um determinado estilo e eu sou o que sou, goste você ou não.

Ps1: O título do post está perfeitamente coerente com o assunto, na medida em que começa falando das minhas atividades durante a semana e se encerra com o domingo, qeu ao contrário do que o calendário diz é o último dia da semana. Além disso, o post só poderia ter sido escrito na terça-feira, já que estando eu de férias, a segunda-feira é um dia inexistente e uma espécie de domingo temporário. Hoje seria portanto a segunda.

Ps2: Novo post agora só na semana que vem, já que sexta-feira feira eu estarei me mandando para o retiro lá da minha igreja.

Ps3: Ps1 e Ps2 não querem dizer Play Station 1 e 2, mas sim uma sigla para “post scriptium”, pós escrito em latim.

domingo, julho 10, 2005

Questionando

-Quem foi que jogou essas bombas?
-Os terrorista, é claro.
-Mas quem são os terroristas?
-Os fundamentalistas islâmicos.
-Mas quem esses fundamentalistas islâmicos?
-Ué, são aqueles do grupo do Bin laden.
- Bin laden? Aquele do barbão?
-É, ele mesmo.
- Mas ele nem aparece mais na televisão.
- É, mas deve ter sido ele
- E o que eles querem?
- matar ué.
- Por que?
- por que eles acreditam que lutando contra o ocidente eles vão morrer e ter dezenas de virgens os esperando no paraíso preparado para ele por Alah.
-Mas o que é o ocidente?
- O ocidente é o lado de cá do globo. Dessa linha aqui para cá é o ocidente e para lá é o oriente.
- E por que eles lutam contra o ocidente? Só por causa das virgens?
- Também. Mas eles lutam porque...
...
-Fala, por que?
-porque sim ué.
-porque sim não é resposta.
-Ah, isso não importa. O que importa é que eles são maus e que gostam de jogar bombas.
- Não importa? Mas também não tem gente que joga bomba no país deles?
- Tem, mas essas bombas são para libertá-los dos malvados ditadores sangrentos e acabar com o terror que eles vivem.
- Libertar com bombas?
...
- Olha só, depois a gente conversa, tá bom. Deixa eu ver a novela agora que o comercial já acabou. Hoje é que eu vou ficar sabendo o destino da sol. Vai dormir vai.
-Tá bom. Depois agente conversa então. Boa noite mamãe.
-Boa noite filho.







sexta-feira, julho 08, 2005

O Círculo Vicioso

Bomba...inocentes ocidentais mortos...famílias ocidentais destruídas...lamento ocidental...solidariedade ocidental...promessa de que os culpados, fundamentalistas islãmicos é claro, serão achados...reforço na segurança dos ocidentais...a luta contra o terror deve ser retomada...a luta contra o terror é reforçada...os que não se consideram fundamentalistas por serem ocidentais preparam a vingança...outras bombas, dessa vez contra aquilo que eles chamam de fundamentalistas islãmicos...inocentes que não são ocidentais mortos... famílias que também não são ocidentais destruídas... outros lamentos que não são ocidentais...mais solidariedade, que também não vem do ocidente...promessa de que vai haver vingança contra os ocidentais...vêm a vingança...Bomba...e tudo recomeça outra vez...

quinta-feira, julho 07, 2005

Sem João mas com Lula


Heráclito, o pipoqueiro cronista*

A imprensa sensacionalista daria a alma que não tem para estar lá. O Amaury Jr. ofereceria algo que ele doa com prazer para entrevistar os convidados do evento com suas perguntas inteligentíssimas. A globo daria o Galvão Bueno por um link na festa, o que seria aliás, a primeira benfeitoria do império do falecido Roberto Marinho para a nação. Até a Hebe Camargo abdicaria do seu chiquérrimo programa no sbt por um furo de reportagem na festa, outro favor para o povo brasileiro, dessa vez por parte do Silvio Santos. Todos queriam estar lá, mas só eu, um humilde pipoqueiro consegui acesso à festa de São João da granja do torto.

O convite veio de uma forma um tanto quanto inesperada e trouxe-me a suspeita de estar sendo vítima de um seqüestro. Tudo começou no sábado, quando eu estava aproveitando a minha folga, lendo o novo livro do Jô Soares no mais antigo parque público da cidade, o passeio público De repente eu ouvi o tema do 007. Olhei em volta, mas nada havia além da alguns mendigos e um casal cujas mãos estavam tendo aula prática da anatomia humana. Foi então que notei que o som na verdade vinha de um celular que se encontrava logo atrás do banco onde eu estava sentado. Como a musiquinha não parava e já que eu não gosto de trilhas sonoras para a minha leitura, resolvi atender o telefone móvel. Era um daqueles celulares da época das cavernas, um típico tijolão. Do outro lado da linha uma voz misteriosa disse que iria passar para me pegar no local combinado em cinco minutos. Sem entender nada, fiz o que deveria ser feito e me dirigia à saída do parque, quando um opala - sim um opala com vidro preto, um daqueles dos filmes da sessão da tarde – parou do meu lado e quando eu retomei a consciência já estava no interior do veículo.

Companheiro Etenildo, começava eu a ler no papel dobrado que estava no banco ao meu lado, desculpe a forma com que eu pude abordar você, mas é que você sabe como estão as coisas para o meu lado. O último cara para quem eu disse que daria um cheque em branco está dando uma de metralhadora giratória e toda a vez que abre aboca detona alguém do meu governo. Dessa forma, está difícil confiar nas pessoas e até a minha sombra estás sendo revistada pela segurança em busca de uma câmera escondida.
O que eu queria mesmo lhe dizer é que você é um grande amigo e um excelente pipoqueiro. Por isso, eu estou lhe trazendo para a festa julina organizada pela Mariza aqui na granja do torto. Atrás do banco você tem o pagamento adiantado, fora as despesas com a passagem de avião e a sua estadia aqui. Espero que o companheiro entenda a forma com que eu lhe contactei.
Atenciosamente, seu velho cliente Lula.

Eu realmente não acreditei no que estava escrito naquela carta. Estiquei o braço atrás do banco e peguei um envelope onde estavam depositados R$500,00 em notas de 100. A remuneração até que não era das piores. Era muita coicindência o presidente me confundir com outro pipoqueiro. Achei que a aventura seria interessante e daria um bom texto sobre aquela cobiçada festa caipira. Cheguei a Brasília e não tive contato com ninguém. Logo estava eu, vestido a caráter, atrás da mais moderna carrocinha de pipocas que eu já havia visto. Os convidados adoraram as minhas pipocas.

A festa estava muito animada e toda a cúpula do governo estava presente. Tinha até uma banda de forró pé de serra, cujo ritmo empolgou tanto o Severino Cavalcante que ele puxou uma “loira tentadora” para dançar. A quadrilha estava toda reunida e dona Mariza comandou a evolução dos casais aos gritos de :
Hora do balaço econômico, cavalheiros e damas juntem-se.
Olha a cpi!
É mentira!
Olha o Bob Jefferson dando entrevista coletiva!
É mentira!
Olha a mala do Marcos Malério!
É mentira!
Olha a secretária do Marcos Malério denunciando!
É mentira!
Olha a câmera escondia!
É mentira!

No pau de sebo ninguém conseguiu subir e o que chegou mais próximo do topo foi o presidente. Todos haviam depositado suas esperanças no Lula, mas as expectativas foram frustradas e ele caiu de uma hora para outra, exatamente como os outros que haviam tentado antes dele.
A fartura era grande e todas as comidas típicas estavam lá: a pamonha do presidente estava ótima, a batata de todos os petistas estava assando rapidamente, muito bem passada e o Quentão estava tão quente que deixou o José Desceu ainda mais queimado.
Estava eu ali, fazendo pipocas em um verdadeiro trabalho antropológico de campo, quando senti uma tremenda dor na nuca. Eu havia levado um belo dum sopapo na minha cabeça que veio acompanhado de uma voz rouca que gritou:
-pedala Robinho!
Eu havia levado um tapa do excelentíssimo senhor presidente da república federativa do Brasil e ainda estava tentando assimilar a situação. Ele, nem me olhou direito e parecia estar me confundindo com alguém. Fiquei na minha e empinei minhas orelhas.
-Sabe companheiro, eu ainda vou dar um desses naquele Esperto Jefferson. Vai ser uma pedalada tão forte que ele vai ficar com dor de cabaça até a próxima denúncia. Até a próxima denúncia não –corrigiu-se o presidente –Ele vai ficar com a cuca doendo até o fim do mandato. E ele continuou, como quem estava realmente precisando desabafar: –eu tenho que resolver logo essas denúncias. Não estou tendo concentração mais para nada. Até com a Mariza as minhas medidas tem sido muito provisórias e está faltando até o apoio da bancada do lulinha, que nem na época de greves do ABC me deixava na mão.
-Mas diga-me, companheiro Etenildo, você ainda enfrenta problemas com a sua semelhança com o Bob esponja?, perguntou-me ele enquanto pela primeira vez me olhava nos olhos. Uma momento de silêncio instalou-se entre a primeira e a segunda pergunta, que veio em um tom bem diferente de voz:
-Mas, o que é isso? O que que você está fazendo aqui? Você não é o meu amigo Etenildo, sentenciou o presidente que gritou: -Segurança, Segurança, tem um invasor na festa.

Estava armado o barraco e em meio aos comentários mais bizarros fui expulso da festa. O José desgenuíno falou que eu era o Roberto Jefferson. O José desceu disse que na verdade eu era da imprensa e que estava com uma câmera escondida enquanto que a dona Mariza afirmou de pé junto que na verdade eu era o Dilúvio Soares. Teve até quem duvidasse da minha masculinidade e afirmasse que eu era a secretária do Marcos Malério disfarçada de pipoqueiro. O fato é que eu fui levado diretamente para o aeroporto e despachado para o Rio de Janeiro. Cheguei em casa no domingo de manhã todo sujo de lama e ainda tive que aturar as reclamações da minha mulher perguntando onde eu havia passado a noite e como eu havia conseguido sujar a calça de lama até a altura dos joelhos.
–Essa é uma longa história, respondi para ela, e realmente a verdade estava comigo.




*Heráclito, o pipoqueiro cronista gosta de fazer pipocas e escreve nas horas vagas para o incomensuravel.

domingo, julho 03, 2005

Candidata à Moribunda

-Koff, Koff, a onamatopéia que aqui utilizo é uma tentativa de traduzir em palavras a enésima tentativa de Cleosvaldo em acordar a respeitável senhora que repousava tranqüilamente apoiada em seus ombros. Ele estava muito cansado. O seu dia não havia sido dos melhores, mas ao menos havia conseguido um lugar na janela do ônibus ao fim daquele cansativo dia de trabalho. No entanto tudo tem um preço, e o valor pago por ele correspondia a um verdadeiro teste de paciência. Ele havia sido premiado com uma inusitada situação. A senhora que havia sentado ao seu lado, simplesmente adotou o seu ombro como travesseiro. O sono estava tão profundo que o ombro cleosvaldiano já sentia a proximidade de uma sexagenária baba.

Aquele simples rapaz já havia esgotado todas as possibilidades de se livrar da senhora. Tossiu, balançou-se, cutucou-a de leve, remexeu-se, tossiu novamente, mas nada, absolutamente nada dava resultado e a senhora descansava tranqüilamente sem nem ao menos tomar conhecimento do esforço de Cleosvaldo. Foi quando uma viva alma presente no ônibus notou o seu esforço e em uma tentativa de descontrair o ambiente disse:
-Ih maluco, ta difícil hein? Vai ver ela está morta. As palavras do engravatado que estava em pé ao lado da dorminhoca senhora soaram como um alarme para a loirinha que estava sentada no banco da frente.
-Morta, ai meu Deus, quem?
-Ficar do lado de morta dá 27 anos de azar e uma verruga na ponta da orelha, gritou uma gordinha que se intrometeu na conversa.
-Pára o ônibus, tem uma mor...
-Para o ônibus nada, eu quero chegar em casa logo, interrompeu outra passageira.
-Mas elas tá morta.
-Pois então que espere.
-Ela não está morta, eu só estava brincando, tentou tomar as rédeas da situação o engravatado.
-Toda brincadeira tem um fundo de verdade, lembrou a gordinha.
Enquanto toda a tripulação daquele coletivo envolvia-se ferozmente na discussão acerca da possível moribunda, Cleosvaldo continuava ali. A essa altura a baba já havia tomado conta do seu ombro e escoria em direção ao seu peito. Ele não tinha nem ao menos tempo em pensar no que dizer. Para as outras pessoas, o fato de ele ser o principal prejudicado da situação pouco importava e os questionamentos acerca da morta pareciam ser mais interessantes.
-Já sei, disse a loirinha, como se uma lâmpada tivesse sido acesa em sua mente. Vamos abrir a bolsa dela para ver se tem o telefone de alguém.
-É, e aí a gente liga e pergunta para algum parente se ela tem aquela esquisitice que as pessoas se fingem de morta e depois acordam. É uma doença aí de gente rica, falou a gordinha demonstrando todo o seu conhecimento em medicina, adquirido nas aparições do Dr. Draúsio Varela no fantástico.
-É, boa idéia, todos concordaram.
-Vai você aí, disse a gordinha, dirigindo-se para o engravatado.
-eu? Porque eu? O que que eu fiz?
-Cuidado, num encosta nela porque uma vez a prima da sobrinha da minha concunhada de 2º grau por parte de mãe encostou num defunto e ficou uma semana e meia sem conseguir comer nada, disse a loirinha.
-Então deixa que eu encosto, levantou-se a gordinha. Tô precisando perder uns quilinhos.
-Não, não, não, deixa que eu faço isso, assumiu o leme da situação o engravatado que revestido de coragem esticou a mão em direção à bolsa da senhora.
Todos os olhares acompanhavam atentamente o seu braço que aos poucos aproximava-se da misteriosa bolsa. Ele tentava não encostar na senhora e quando conseguiu tocar na bolsa, sua respiração tornou-se ofegante e seus batimentos cardíacos aceleraram. Cleosvaldo, a essa altura, já havia fechado os olhos e só esperava para ver o que iria acontecer, como um boi em direção ao matadouro. Um suspense digno dos filmes de Alfred Hithcock havia tomado conta do ônibus. O engravatado segurou a bolsa e puxou. Foi quando a senhora, a silenciosa protagonista da situação, fez um movimento rápido e tomando a bolsa em sua mão, atingiu diretamente a face daquele bem vestido cidadão, que caiu no chão do ônibus como um derrotado lutador. Nocaute.
-Vai roubar a tua mãe, seu ladrãozinho de uma figa, mostrou que de morta não tinha nada aquela senhora.
Ela então olhou todos os olhares que presenciavam a cena e depois de alguns segundos gritou quase que instantaneamente:
-Ô piloto, para aê que eu na passei do meu ponto. E o que que vocês tão olhando? Nunca virão alguém se defender de uma assalto não?
A senhora desceu e deixou todos os tripulantes daquele coletivo perplexos. Cleosvando ainda tentava entender o que havia acontecido enquanto enxugava a lembrança deixada pela senhora. Secando a parte da frente da sua camisa, ele percebeu um volume estranho no seu bolso. Colocou sua mão sem ter a mínima idéia do que poderia estar ali. Percebeu então que o volume que sentia era um papel dobrado que ele lentamente retirou. Em miúdas, mas bem escritas letras leu:
Muito obrigada pelo ombro e até amanhã.
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Informativo "o incomensuravel":
1: hoje foram acrescentados mais dois links no incomensuravel. Clicando aqui você poderá ver que o mundo não tem e não precisa ter lógica. É o flog do suíno sem noção. E clicando aqui você poderá ler textos muito conscientes e abençoadamente revoltados no blog da Adriana, a namorada do porco.
2: Ontem, dia 2 de julho, todos nós pagadores de impostos, ajudamos a bancar a festa julina promovida pelo nosso querido presidente e organizada pela nossa simpática primeira dama. Heráclito avisou-me que por um acaso do destino ele foi trabalhar na festa. Em breve o nosso pipoqueiro cronista estará me enviando em texto sobre esse que deve ter sido um dos mais importantes eventos do governo Lula. O Brasil não será mais o mesmo depois dessa festa. Eu até acordei hoje sentindo que as coisas vão melhorar. Emfim, aguardem o texto.