Escritos e reflexões de uma mente atordoada Fora dos ilimitados limites da razão

quinta-feira, setembro 22, 2005

Uma noite no "Maromba night"

As oportunidades para um trabalho antropológico de campo surgem quando menos esperamos. Uma delas apareceu na última sexta-feira. O rolé na pista de skate já havia acabado. Estava eu, Leó Pará, Eric, Suíno e a Adriana voltando para casa, quando veio a idéia:

-Ih, Vamos passar no Maromba night, disse o Pará.
-Maromba night? - todos questionaram
-É, não tem nada para fazer hoje, vamos para o Maromba night, é caminho mesmo.
-Quem maromba night o que, ta todo mundo duro.
-Ih, isso não é problema, a entrada é 0800. –Vamo lá, várias mamadinhas.

Não havia realmente nada para fazer naquela noite, o local era caminho e o Maromba night tornou-se uma opção. Paramos em um boteco, onde algumas coroas dançavam forró, pegamos um tobi-cola e partimos para o “evento”. O cartaz colocado à porta do local trazia o anúncio:

“Maromba Night:
o novo point das academias.
Muito Funk, Tecno e não sei o que lá
Dj fulano de tal detonando nas pickups
Toda sexta-feira. Entrada Grátis”

Como diz um velho ditado, quem está na chuva, lá está para se molhar mesmo. Adentramos ao recinto e lá chegando pude me dar conta de onde havíamos nos metido. O som que rolava era uma espécie de techo-funk cuja letra repetia a frase do momento: “pedala Robinho”. Algumas mulheres que podem ser consideradas lindíssimas em outros planetas dançavam enquanto vários caras, em cujas testas pareciam haver selos escrito: “Cuidado: contém anabolizantes”, circulavam pelo salão. O Pará e o Eric resolveram ver o que haviam de bom no bar e voltaram com uma espécie de red-bull genérico, que segundo eles valeu pela noite. O tempo foi passando e o som corria enquanto o d.j. anunciava a grande atração da noite:

-Daqui a puco, fulano de tal do Malhafunk.
Eu reparei que haviam alguns instrumentos estranhos no peseudo-palco e a anúncio que o dj fez a seguir confirmou as minhas suspeitas:
-A galera ta pedindo funk, daqui a pouco vai ter muito funk, mas agora vocês vão ficar com o grupo “Simpatia e não sei o que lá”.

No momento em que o som do cavaquinho chegou aos nossos ouvidos nos entreolhamos e eu disse:
-Brincadeira tem limite, vamos embora.
-É, vamos embora, todos concordaram.
Passar uma sexta-feira à noite ouvindo pagode do Maromba Night já era demais. Fomos embora e perdemos o som do “Simpatia e não sei o que lá”.