Um presidente "otário" e azarado
-Que tal domingo?
-Domingo não rola, eu vou trabalhar no referendo?
-Que merda hien. Pô, tu não ta ligado no esquema para se livrar disso não?
-Que esquema?
-Pô cara, o tio do primo da irmã de uma conhecida da minha ex-namorada não respondeu à convocação. Mandaram o juiz na casa dele e ele mandou avisar que não morava mais lá. Resultado: ele se deu bem e não precisou trabalhar nas eleições.
-Ah, eu não vou fazer isso não. Vou trabalhar mesmo.
-Fala sério? Tu vai dar esse mole? Eu te ajudo a armar um esquema aí cara. Vai ser mais eficaz que o mensalão.
-Não, obrigado. Eu vou trabalhar mesmo.
Todos os deveres de um cidadão dão à “vítima” que tem de executá-los duas opções: ser “malandro” e se livrar da obrigação ou ser um “otário” e cumprir com suas obrigações. Não existe um meio termo. Eu, cumprindo meu dever como o “otário” não tentei utilizar de nenhum artifício e passei o meu domingo na 59º seção da 234º zona eleitoral do Rio de Janeiro. Mais do que isso, eu fui o presidente da seção, o bam bam bam, o recheio do pastel de vento, o jedi máximo, o portador do anel mágico; enfim, a autoridade máxima dentro daquela sala de aula.
Acordei às 6:37h e me dirige à escola que fica na mesma rua da minha casa. Chegando lá, dei uma olhada na lista dos nomes dos meus subordinados e vendo que só haviam seres humanos do sexo feminino fui logo ficando disposto à trabalhar. Quando os tais seres chegam, logo de cara vejo que uma delas tem uma beleza bem exótica. Ao longo do dia descubro através de uma descompromissada troca de palavras que as outras duas teriam de voltar para casa logo pois precisavam cuidar dos seus filhos.
Ao menos descobri que estou evoluindo e se antes eu atraía só mulheres comprometidas, agora o meu imã também aceita mães. Não sei qual das duas opções atesta mais a minha gigantesca sorte para com os seres humanos do sexo feminino. O fato é que o domingo chegou ao fim, levando consigo o meu dia como presidente. Agora é só esperar pelo próximo referendo: uma consulta popular acerca da proibição do comércio de facas ginsu no Brasil.