Lembranças de uma eterna ausência
Hoje, lembrei de você. Acordei, procurando tocar as lembranças que tenho. Sonhei que a via novamente. Como você estava linda! Linda como nunca havia lhe visto antes.
Já faz algum tempo que não lhe vejo. Já tinha me conformado com a idéia de que você era só mais uma entre as minhas inúmeras frustradas tentativas de ter alguém ao meu lado. Hoje, ao acordar do sonho percebi que não. Ainda investigo sua página naquele site procurando não ler o “namorando” que continua lá escrito. Tolice proporcionada pelos tempos modernos e que eu insisto em usar para me torturar. Sou apenas mais um tolo que um dia acreditou que o “nós” poderia chegar a existir. Besteira, sobrou o “eu” e o “vocês; nada mais.
No meu sonho você parecia tão feliz. Tentei manter a distância, como se quisesse fugir de ti. Você, aproximou-se, tocou meus cabelos e sorriu, naquele tom descontraído que só você é capaz de ter. Eu hesitei, não queria me perder nos seus olhos, como sempre acontece. Ficamos ali, por algum tempo. Você falava sobre sua vida, sua rotina, sobre as coisas mais corriqueiras possíveis. Ah, e como aquelas coisas comuns adquiriam sublimidade ao saírem dos teu lábios. Lembrei-me da primeira vez que lhe vi. Faltavam poucos dias para o meu aniversário, eu sentado, pensava na minha vida. Foi quando lhe vi, ali, de pé, roupa simples, simples como você. Uma blusa azul, uma calça jeans e um tênis. Perfeito, como qualquer coisa ficaria ao cobrir o seu corpo. Seus cabelos presos teimavam em fugir. Você ali, conversando de forma tão simples, sobre coisas mais simples ainda. Foi ali que troquei as primeiras palavras com você. Falávamos sobre a nossa ignorância acerca dos acontecimentos do reality show do momento. Foi ali, que pela primeira vez fui hipnotizado por seus olhos. Conheci-a aos poucos e cada vez você tornava-se mais inacessível para mim. Me tornei prisioneiro da sua imagem, que teimava em ocupar a minha mente.
Não fui capaz de tentar te fazer feliz. Você não me concedeu essa oportunidade e lentamente tornei-me escravo da tua ausência. Pensava estar livre, mas hoje ao lhe rever em meus sonhos percebi que eu estava errado. Falhei ao tentar lhe esquecer e isso tornou-se tão óbvio que a sua imagem não quer mais sair da minha mente. Os mesmos olhos, os mesmo cabelos teimando em alcançar a liberdade. O mesmo sorriso hipnotizador.
A última imagem que guardei de você é como um espinho que me fere de uma forma implacável. Você estava ali. Linda e cativante como sempre. Mas ao seu lado,havia um outro alguém. Alguém que talvez não tenha a metade da vontade de lhe fazer feliz que eu tenho. Alguém que a tem. Eu ali, bem perto, guardei essa imagem e falhei ao tentar apagá-la da minha mente.
Hoje, percebi que a ferida não cicatrizou. Você não tem a mínima noção de tudo o que eu queria lhe dizer e nem mesmo vai ler isso aqui. Melhor assim. Fico eu e a minha ferida aqui. Quanto a você, espero que prossiga na sua dança da felicidade. Uma sublime dança em que eu lhe vejo exibir toda a exuberância da sua pessoa. Uma dança, que sem querer, você desenvolve sobre uma faca, molhada de sangue e enfiada no meu coração.
Gostaria de tentar lhe fazer feliz. Gostaria de ser feliz. Ultrapassaria o limite do possível para conseguir isso. No entanto, parece que esse é um desafio que eu nunca vou ter a oportunidade de enfrentar. Lamento não ter lhe esquecido ainda. Parece que você é alguém que vai estar sempre longe de mim. Espero que você seja feliz. Quanto a mim, pretendo seguir em frente, sozinho, com a imagem do seu sorriso, esperando um dia conseguir ludibriar o meu coração e convencer a minha mente a apagá-la para sempre. Se eu falhar mais uma vez, saiba você que eu ao menos me convenci de que deveria tentar.