Um torto relato sobre o encontro de dois líderes tortos na granja do torto
Heráclito, o pipoqueiro viajante*
Mais uma vez, o destino me pegou de jeito (sem conotações boiolísticas) e eu retornei à granja do torto. Dessa vez não fui para fazer pipocas mas sim para ajudar no diálogo entre o Lula o Bush durante o churrasco do último domingo. Como fui parar lá é uma longa história que vou tentar encurtar aqui.
Mais uma vez, o destino me pegou de jeito (sem conotações boiolísticas) e eu retornei à granja do torto. Dessa vez não fui para fazer pipocas mas sim para ajudar no diálogo entre o Lula o Bush durante o churrasco do último domingo. Como fui parar lá é uma longa história que vou tentar encurtar aqui.
Nos últimos meses, tenho dividido meu tempo entre as pipocas e um curso de língua inglesa com o intuito de me tornar o primeiro pipoqueiro bilíngüe do Brasil. Isso porque vez ou outra aparece um gringo aqui falando popcorn e apontando pra mim. No começo eu pensei que estavam me chamando de chifrudo, mas depois eu aprendi que eles queriam apenas uma pipoca. Resolvi então, entrar em um curso de inglês para melhor atender os gringos.
Aprendi a enrolar a língua com facilidade e logo me tornei amigo do professor. Ele, um tradutor renomado internacionalmente, foi convidado para ajudar a traduzir a conversa entre o Lula e o Bush. Na véspera da sua viagem a Brasília, no entanto, aconteceu um imprevisto que ele acabou vendo. Chegando em casa mais cedo para arrumar as malas, deu de cara com o grafite rabiscando a mulher dele. Para piorar, descobriu dentro do armário toda a equipe do XV de piracicaba.
A decepção foi tamanha que ele conseguiu apenas me telefonar pedindo para viajar no lugar dele. Dizem que desde o fatídico dia ele passa as horas torturando-se com a reprise da programação televisiva do domingo.
Eu, um pipoqueiro cidadão, não poderia deixar o nosso presidente na mão e sem pensar duas vezes parti para Brasília logo que pude. Cheguei lá Domingo bem na hora do churrasco. Tudo corria melhor que camelô fugindo da guarda municipal, porém eis que um mortífero exército de moscas resolveu atacar o churrasco. Bush sacou seu matador de moscas e freneticamente começou a desferir golpes para todos os lados. O contra-ataque do presidente norte-americano só foi interrompido pelo grito de Lula:
-Ai, seu filho duma...você acertou bem na minha cabeça.
Eu rapidamente traduzi para:
-Motherfucker, you hurt me. I will kill you, Yanque.
Bush defendeu-se dizendo que foi um acidente e eu logo fiz o meu papel de translator:
- Ih foi mal, maluco. Esse meu matador de moscas é de última geração, eu não sei o que que rolou com essa parada. Mas fica tranqüilo aí homem de 19 dedos que isso não vai se repetir não, falô.
Desculpas aceitas, eu só ouvi um grito vindo de perto da churrasqueira:
-O Saddam se soltou, corram. Eu prontamente utilizei o meu inglês:
-Saddam is free, Run, Run.
Quando terminei de gritar, o Bush já havia evaporado e tinha corrido para dentro da casa. Saddam, o pitbull do presidente só queria um pedacinho de carne e após derrubar a churrasqueira voltou para o seu canto para saborear a iguaria.
Churrasco encerrado, Lula seguiu Bush até a residência torta da granja do Torto e sugeriu uma partidinha de purrinha para Bush e a esposa. Eles não entenderam nada e então mais uma vez foram exigidas as minhas habilidades como tradutor pipoqueiro. Mostrei um palito para eles e disse:
-This is a little stick. This game is called little purra and you need to put the higger number of little sticks inside your wife´s ear. If she scream, you lose. You can put the sticks inside her nose, her mouth, or in any hole you want. Te winner is who can insert every 30,000,000,000,000,19 sticks in his wife.
Eles ficaram um pouco confusos com as regras do jogo e acho que o pessoal não gostou muito dos meus serviços como tradutor; tanto que logo depois me expulsaram da festa. Lá de fora pude ouvir alguns gritos da primeira dama norte-americana seguidas por gargalhadas quase incontroláveis do Lula e da Mariza. Mais uma vez fui expulso da granja do torto. Mais uma vez, no entanto, a experiência valeu a pena.
*Heráclito, o pipoqueiro viajante não é presidente da república de nenhum país latino-americano, mas sempre que pode pega suas malas e mete a cara mundo afora. De volta ao Rio, ele sempre gosta de relatar suas experiências aqui no incomensurável.